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BIJUTERIAS E FOLHEADOSServidores entram em greve e prometem parar a cidade
Servidores aprovaram por unanimidade greve geral em assembleia realizada na manhã de sábado no Teatro Judas Iscariotes
Os servidores públicos municipais rejeitaram por unanimidade a proposta
de reajuste salarial oferecida pela Prefeitura de Franca e decidiram,
também sem votos contrários, entrar em greve a partir desta
segunda-feira, 24. A categoria promete parar a cidade e manter apenas os
serviços essenciais. A decisão é histórica. Há 11 anos, o governo não
passava pelo desgaste de uma paralisação. A última vez em que os
trabalhadores cruzaram os braços foi em 2003, ainda na administração
Gilmar Dominici (PT). A assembleia realizada neste sábado mostrou o
quanto os servidores estão unidos. Revelou também o quanto é grande a
insatisfação com o prefeito Alexandre Ferreira (PSDB).
Cerca de 450 trabalhadores participaram da reunião no Teatro Judas
Iscariotes. Todos os lugares foram ocupados. Havia muita gente em pé ou
sentada no chão. Alguns ficaram de fora, nos corredores laterais.
Narizes de palhaço, apitos, gritos de protesto e cartazes com críticas
ao prefeito completaram o cenário. “Sexo é amor. Sacanagem é 5,38% de
aumento”, estava escrito em um cartaz. “Alexandre Ferreira, devolva
minha dignidade”, exibia outro.
Todas as vezes que teve o nome citado, o prefeito foi vaiado. Seus
assessores e funcionários comissionados não foram vistos. Ninguém
defendeu a proposta de reajuste oferecida por ele. “As horas extras
pagas aos médicos e chefes dariam para pagar um punhado de trouxas como
nós”, gritou um servidor, em clara referência à denúncia da Procuradoria
da República sobre megapagamentos a médicos feitos pela Prefeitura
Franca (leia mais na página 4A).
Fernando Nascimento, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do
Município, conduziu a assembléia de maneira serena e não induziu a
decisão dos trabalhadores. Enquanto ele lia a posição da Prefeitura
sobre as cláusulas reivindicadas pela categoria, já era possível prever o
desfecho por causa das reclamações. “Quem concorda?”, perguntou o
sindicalista. Nenhuma das centenas de pessoas levantou o braço. “Quem é a
favor da paralisação?” Todos, sem exceção, começaram a gritar “greve,
greve, greve”. A única preocupação foi com a possibilidade de retaliação
por parte do governo.
O que não aconteceu ao longo dos dois mandatos de Sidnei Rocha (PSDB), o
atual prefeito sentirá na pele ainda no começo do segundo ano de sua
gestão. “O servidor ficou calado durante dez anos. Agora, derramou o
leite. Não tem mais como segurar. Todos estão revoltados”, afirmou
Nascimento.
A greve
Segundo o sindicalista, a intenção é fazer uma paralisação geral.
“Todos os setores vão parar. Vamos garantir apenas o funcionamento dos
serviços de emergência com um efetivo de 30%. Pedimos à população que
não leve os filhos às escolas na segunda-feira. As Unidades Básicas de
Saúde também vão parar.”
A categoria promete fazer um piquete diante da Prefeitura às 7 horas
desta segunda-feira. A intenção é tentar convencer o prefeito a
conversar e melhorar a proposta. Os servidores querem 5% de reajuste
real, além da reposição inflacionária de 5,39%, que foi proposta na
última quinta-feira. Inicialmente a Prefeitura havia oferecido 4,97%,
mas após pressão dos servidores, que estavam em estado de greve desde a
semana passada à espera de uma proposta melhor, o prefeito recuou e
elevou o percentual para 5,38%, que foi corrigido posteriormente para
5,39%.
Os servidores também vão brigar por um cartão alimentação de R$ 400.
Alexandre ofereceu R$ 200 para pagar em outubro. A Câmara paga R$ 440
aos seus servidores. “Não queremos prejudicar a Prefeitura, nem a
população. Apenas estamos lutando por nossos direitos”, concluiu
Fernando Nascimento.
O vereador Márcio do Flórida (PT), que acompanhou a assembléia, disse
que a greve é o reflexo de um sentimento que estava reprimido. “O
servidor está sendo muito desrespeitado e vem acumulando perdas há dez
anos. O prefeito, que já perdeu o apoio da população e da Câmara, agora
perde os trabalhadores. É um mar de agenda negativa para Alexandre
Ferreira.”
A assessoria de comunicação de Alexandre Ferreira não foi encontrada neste sábado para comentar a greve.
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