Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

domingo, 19 de maio de 2013

Polêmica: Dom Caetano quebra silêncio após expulsão de padre

Polêmica: Dom Caetano quebra silêncio após expulsão de padre
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Desde que Roberto Francisco Daniel, 47, o padre Beto, foi excomungado da Igreja Católica pelo ex-bispo de Franca, dom Caetano Ferrari, hoje à frente da diocese bauruense, uma grande polêmica envolvendo a decisão tomou conta do noticiário brasileiro. Um vídeo, gravado em uma choperia para um programa de TV, no mês passado, foi o motivo capital para padre Beto receber a pena máxima imposta pela Santa Sé. Na gravação, ele fala sobre seu conceito de fidelidade em relacionamentos estáveis e práticas bissexuais e homossexuais.
Incomodado com a repercussão negativa da gravação junto à comunidade cristã e sofrendo pressão por parte do clero da Igreja Católica, o bispo pediu conselhos a um juiz instrutor que confirmou ser caso de excomunhão, que aconteceu no último dia 29. Ele afirma que o padre desobedeceu o Código Canônico pregando ensinamentos religiosos diferentes dos defendidos pela igreja. Perplexo com a decisão de seus superiores, padre Beto rebateu as críticas às suas reflexões e classificou de rigorosa a decisão (leia mais nesta página).
Conhecido pela comunidade católica como um homem acessível e aberto ao diálogo, o frade franciscano dom Caetano Ferrari tem evitado comentar o caso na imprensa, mas abriu uma exceção e concedeu uma entrevista exclusiva ao Comércio na última segunda-feira, 13. Dom Caetano explica os motivos que levaram a Diocese de Bauru a tomar sua polêmica decisão. Na entrevista, o bispo disse que a população foi manipulada pela imprensa com “distorções feitas em veículos de comunicação de âmbito nacional”. “Existem pessoas mal intencionadas assim como um setor da mídia que desviou o foco para questão da homossexualidade. Padre é excomungado porque defende os gays, dizia manchete garrafal que eu li em jornais de fora de Bauru. Não é nada disso. Trata-se de uma manipulação terrível. Ele [padre Beto] se auto-excomungou, porque ensina coisas contrárias ao que a igreja ensina, também naquilo que a igreja entende sobre homossexualidade.”
O frade administra a Diocese de Bauru há quatro anos, desde que foi transferido de Franca [na cidade, foi bispo coadjutor entre 2002 e 2006 e bispo titular de 2006 a 2009] e alega que nesse tempo já vinha enfrentando problemas com padre Beto. “Ele tem falado sobre amor, sexo, aborto, vem se intrometendo na política e avançando o sinal em vários campos.” Segundo dom Caetano, até o vídeo ser publicado e compartilhado na internet, as opiniões do padre, que leciona filosofia em três universidades particulares da cidade e ainda mantém um programa em uma rádio AM local, eram “contornadas” internamente. Entretanto, o assunto chegou ao conhecimento do Vaticano que, segundo o bispo, cobrou dele uma postura mais enérgica. Dom Caetano alega que advertiu o padre para que fosse feita uma retratação formal, mas isso não foi aceito por Beto. Um juiz instrutor - padre doutor em Direito Canônico, especialista em Direito Penal da Igreja Católica e que assume uma função de juiz para as matérias reservadas à Santa Sé - foi chamado para intermediar o caso. “Eu o chamei para pedir orientação e ele me disse que era caso de excomunhão automática. Já o conhecia desde os tempos que era bispo de Franca, quando tivemos aquele problema com o Padre Dé.” O nome do juiz instrutor é mantido em sigilo pela igreja para evitar “perseguições”.
Acusado de abusar sexualmente de pelo menos quatro adolescentes, padre José Afonso Dé, com 74 anos à época, dirigia a Paróquia São Vicente de Paulo quando foi acusado de pedofilia, em 2010. Após as primeiras denúncias, o então bispo de Franca, Pedro Luiz Stringhini, suspendeu padre Dé das atividades na igreja, mas meses depois ele foi autorizado a celebrar missas em sua casa, no Centro. Diferente da postura adotada com padre Beto, que uma vez excomungado está proibido até de receber a eucaristia.
Segundo dom Caetano, a polêmica envolvendo as punições dadas pela igreja ao padre Dé (com o afastamento) e ao padre Beto (com a excomunhão) são distintas porque a interpretação que a igreja tem para cada uma das condutas também é diferente. “A pessoa pode ser uma grande pecadora, uma assassina, um grande bandido e não é por isso que ela está expulsa. Ela foi batizada, ela é cristã e é católica. O remédio para ela é a confissão e pagar pelo que fez segundo a lei dos homens. Deve receber e pagar a sua punição, mas não é excomungada, não sai da Igreja Católica. Pois se a Igreja Católica fosse mandar todos os pecadores para fora, nem eu estaria na igreja, porque também sou pecador.”
A excomunhão, segundo o bispo, está prevista em casos de apostasia (quando a pessoa se declara publicamente não ser mais católica e não aceita mais os ensinamentos da igreja), heresia (quando pessoas, sobretudo as que exercem função eclesial, ensinam coisas diferentes dos credos da igreja) ou cisma (quando a pessoa que deve obediência ao seu superior não o faz. O padre deve obediência ao bispo que deve obediência ao papa). Dom Caetano acusa padre Beto de ser herege e ter cometido cisma.
A excomunhão dele não é inédita. O Comércio entrou em contato com a Nunciatura Apostólica do Brasil, que afirmou que esse tipo de informação não é dado à imprensa.
 

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