Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Recordar é viver: há 80 anos, Palmeiras humilhava o Corinthians: 8 a 0

Movido por Luiz Imparato, o mais novo de uma linhagem de palestrinos, 'antigo' Palmeiras estabelece a maior goleada sobre o rival na história

Nascimento, Carnera e Junqueira; Tunga, Dula e Tuffy; Avelino, Gabardo, Romeu Pellicciari, Lara e Imparato, todos sob comando de Humberto Cabelli. A formação pode não ser tão popular entre os atuais torcedores alviverdes, mas este time fez parte de um dos maiores capítulos da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Há exatos 80 anos, ainda como Palestra Itália, em 5 de novembro de 1933, a equipe dos imigrantes italianos conquistou algo jamais superado por palmeirenses e pelo maior rival, o Corinthians.
Palmeiras x São Paulo 1933 (Foto: Arquivo / Agência Estado)Time do Palestra Itália, campeão paulista de 1933 (Foto: Arquivo / Agência Estado)
Alviverdes e alvinegros entraram em campo na tarde daquele domingo para disputar um jogo válido pelo Campeonato Paulista e também pelo segundo turno do Torneio Rio-São Paulo, competições que na semana seguinte seriam conquistadas pelo Palestra, em duelo contra o São Paulo da Floresta. Mas o triunfo mais importante daquele ano lembrado com orgulho até hoje pelo Verdão tem a ver com um dos maiores clássicos do futebol mundial.
No Parque Antarctica (já no terreno que hoje abriga a obra do Allianz Parque), os imigrantes do Palestra Itália entraram motivados por uma rivalidade que teve início em 1917. E nenhum deles, até do lado corintiano, imaginava que o histórico placar de 8 a 0 a favor dos alviverdes jamais seria superado por nenhuma das duas equipes.
Luiz Imparato - capa de revista Palestra Itália - Palmeiras (Foto: Felipe Zito)Luiz Imparato, na capa de revista Palestrina,
edição de dezembro de 1933 (Foto: Felipe Zito)
Oito décadas depois do feito, uma família ainda guarda, além do orgulhoso sobrenome, relíquias de uma das vitórias mais implacáveis da quase centenária história palmeirense. Na Penha, localizada na Zona Leste paulistana, os portões verdes e as paredes em tons mais claros – e verdes, logicamente – se sobressaem em um bairro da cidade de São Paulo tradicionalmente corintiano. É assim que os Imparato mantêm as origens italianas e palestrinas.
Autor de três gols e duas assistências naquele inesquecível domingo, Luiz Imparato foi eleito o melhor jogador em campo daqueles 8 a 0 contra o Corinthians. E o resultado poderia ter sido ainda mais histórico, se o árbitro não tivesse anulado aquele que seria o nono gol do Palestra Itália, também de Imparato. Os demais tentos foram marcados por Romeu Pellicciari (quatro vezes) e Gabardo.
Como premiação, Imparato, também conhecido como Gino, ganhou de presente um rádio – relíquia que até hoje é exibida com orgulho no sítio da família – e mil contos de réis. O dinheiro, difícil de ser calculado nos valores atuais devido a tantas alterações de moeda, foi o suficiente para bancar a festa de casamento de um dos irmãos do craque.
Família de craques e palmeirenses
Por falar nos irmãos, não foi apenas o goleador de 1933 quem vestiu a camisa palestrina. O primeiro Imparato a atuar no clube foi Ernesto, que fez 137 jogos entre os anos de 1915 e 1918, e depois em 1925. Depois veio Caetano, também conhecido como Imparatinho, atuou em 102 partidas entre 1919 e1928. Antonio, quinto na linhagem dos Imparato, foi o terceiro, mas nem aparece no Almanaque do Palmeiras (de Celso Unzelte e Mario Sergio Venditti, editora Abril) por não ter feito jogos oficiais. Craque dos 8 a 0 contra o Corinthians, Luiz, se não foi o melhor deles com a bola nos pés, foi o que teve carreira de mais sucesso no futebol.
– Todos jogaram bola, mas o que ficou mais famoso foi meu avô, até por causa desse jogo – lembra Luizinho, neto de Imparato, entre recortes de jornais e fotos do avô com a camisa do Palestra Itália.
PALESTRA ITÁLIA 8 X 0 CORINTHIANS
Palestra Itália - Nascimento, Carnera e Junqueira;
Tunga, Dula e Tuffy; Avelino, Gabardo,
Romeu Pellicciari, Lara e Imparato.
Corinthians - Onça, Rossi e Bazani (Nascimento);
Jango, Brancário e Carlos; Carlinhos,
Baianinho, Zuza, Chola e Gallet.
Técnico: Humberto Cabelli Técnico: Pedro Mazzulo
Gols: Romeu aos 7, 30 e 40 minutos do 1º tempo. Gabardo no 1º, Romeu aos 7, Imparato aos 9, 35 e 40 do 2º tempo.
Data: 5 de novembro de 1933 / Local: Parque Antarctica, em São Paulo
Árbitro: Haroldo Dias da Mota
Competições: Campeonato Paulista e segundo turno do Torneio Rio-São Paulo
Fonte: Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mario Sergio Venditti, Ed. Abril)
Nome presente em algumas convocações da seleção paulista da época, Imparato, que era conhecido como “Trem Blindado” por causa de sua força, estava entre os possíveis convocados para a Copa do Mundo de 1938, mas uma grave lesão no joelho colocou fim ao sonho de vestir a camisa da seleção brasileira.
Orgulhos de uma família, e ídolos de uma torcida, os Imparato tiveram representantes também no lado do arquirrival. Mas, foi quando a origem italiana falou mais alto e ajudou a intervir a favor do Palmeiras.
Nina, sobrinha de Luiz e palestrina de sangue quente, ameaçou proibir seu sobrinho Tino de entrar em casa depois de descobrir que o boleiro estava treinando e tentando iniciar uma carreira de atleta no Corinthians.
– A família inteira cultua muito o nome Imparato. A família é de origem italiana, e todo mundo é palmeirense desde pequeno. Na minha época não tinha televisão e ouvíamos aos domingos os jogos pelo rádio. E todos ficavam doentes. Lembro que tinha de dar copo de água com um comprimido aos meus tios por causa do Palmeiras – lembra Dona Zuleica, casada com Luiz Imparato Filho há 42 anos e também palmeirense desde a infância.
Luiz, neto de Imparato, mostra diploma recebido pelo avô, do Palestra Itália - Palmeiras (Foto: Felipe Zito)Luiz, neto de Imparato, mostra diploma de prata recebido pelo avô (Foto: Felipe Zito)
Destaque de uma época em que o futebol não pagava grandes valores, Imparato deixou uma grande herança aos filhos, netos e bisnetos: a paixão pelo Verdão. E nem mesmo o fim da carreira o impediu de acompanhar os jogos da equipe.
Reforço nas arquibancadas, o ex-craque do Palestra Itália não pensou duas vezes quando viu, em 1961, o clube ter a primeira chance de conquistar a Taça Libertadores da América. Ao lado do filho Luiz, um dos irmãos e mais um vizinho, o "Trem Blindado" partiu de carro rumo a Montevidéu para acompanhar a grande decisão entre Palmeiras e Peñarol - a competição foi vencida pelos uruguaios.
– Foram cinco dias de viagem. Dois dias e meio para ir e mais dois dias e meio para voltar. Você passava na estrada e via carros com bandeiras do Palmeiras. Quando os diretores do clube souberam que estávamos lá (em Montevidéu), vieram falar com meu pai e fomos para o estádio no ônibus do time – recorda o orgulhoso filho Luiz, de 75 anos.
Mas falar dos Imparato é falar daquele clássico de 1933, contra o Corinthians. Em casa, a família exibe com orgulho exibe fotos e recortes de jornais e revistas da época que descrevem a humilhante vitória do Palestra Itália sobre o maior rival. Seu Luiz sabe até hoje que o feito alcançado por seu pai é algo que jamais será esquecido pelos torcedores alviverdes.
– Depois de 80 anos estamos falando disso. Tem jogador que atuou mais recentemente e ninguém sabe o que aconteceu. É emocionante. Aquele jogo foi muito marcante – completa o herdeiro de um craque que escreveu eternamente o nome de sua família na história da Sociedade Esportiva Palmeiras.
contrato de Luiz Imparato, jogador do Palestra Itália, antigo Palmeiras (Foto: Arquivo Pessoal)Contrato de Luiz Imparato, jogador do Palestra Itália, atual Palmeiras (Foto: Arquivo Pessoal)

 

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