
Quando conversei com Luis Felipe Lobianco, chefe do Centro de Estudos em Mercado de Capitais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na Expo Money, ele falou sobre as fraudes e destacou Ponzi. Lembrou que o golpe do sujeito começou com selos. Eles eram enviados para que os destinatários pudessem respondê-las sem custo. Os selos poderiam ser trocados por outros, comuns. Ele ficava com a diferença. Estávamos em 1919.
Mas isso não era o mais importante. Importante mesmo era a entrada de novos membros (e do dinheiro deles que entrava no esquema). Com esse dinheiro, Ponzi pagava aos investidores mais antigos os lucros prometidos (até 50% em um intervalo de 45 dias). Em julho de 1920, Charles Ponzi já tinha milhões de dólares. Muitos dos investidores venderam ou hipotecaram suas casas para participar do esquema.
Em 26 de julho, o jornal Boston Post começou a questionar as práticas de Ponzi. Muitos investidores pediram o dinheiro de volta. Ele pagou. Conseguiu mais fôlego. Mas a situação foi ficando insustentável. O governo interveio e o esquema caiu, já que a maior parte das pessoas não conseguiu os benefícios prometidos.
Graças ao esquema, Charles Ponzi, que chegou aos Estados Unidos pobre, estava vivendo no luxo e na riqueza. Ele comprou uma mansão com ar condicionado e um aquecedor para a sua piscina (lembrem-se que era 1920). Também bancou a viagem da mãe da Itália, em primeira classe, naturalmente. Depois o esquema caiu, ele foi preso. Depois foi deportado para a Itália em 1934.
Mas adivinha só onde ele parar no fim da vida. No Brasil, claro. Veio para cá em 1941, como funcionário da antiga companhia de aviação Ala Littoria. Saiu da empresa, viveu seus últimos dias na pobreza. Doente e cego, pedia a um amigo para escrever para a ex-mulher, Rose, que tinha ficado nos Estados Unidos. Foi esse amigo quem avisou à Rose que Ponzi havia morrido, aos 67 anos, no dia 15 de janeiro de 1949.
Será que essa história pode servir de alerta?
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